Região
Pantaneta 'ferve' a economia local e promete marcar a história de Aquidauana
Da rede de comércio a hotelaria, o carnaval fora de época vem para marcar presença.
O Pantaneiro
06 de Outubro de 2023 - 16:17
A Pantaneta, desde sua origem, carrega a essência do Portal do Pantanal. A própria nomenclatura do evento já deixa a marca pantaneira registrada e, há quem diga que esse é o principal carnaval fora de época do estado de Mato Grosso do Sul.
O que não deixa dúvidas é a importância que esse evento representa para o turismo na região pantaneira, quiçá para todo o Estado. Tanto que, após alguns anos resguardado, o projeto volta à tona em 2022, angariando milhares de foliões de diferentes regiões, de MS e fora dele.
Segundo a organização do evento, desde 1997, este festival tem sido um dos mais aguardados em todo o Estado, e neste ano ele vem com força total. Com grandes nomes da música nacional, a Pantaneta 2023 promete muita alegria e diversão para todas as idades.
Ao que tudo indica, o carnaval fora de época voltou para ficar. Também não restam dúvidas que a micareta vai marcar mais uma vez a história de quem dança ao som de grandes nomes da música nacional.
Faltam menos de dois dias para o início da edição 2023 da Pantaneta e não só as temperaturas da cidade têm aumentado, o mercado também se mostra aquecido. O ramo da hotelaria começou sentir os impactos da folia desde julho desse ano, quando turistas e foliões de diferentes regiões de MS e do país começaram a correr atrás de vagas em hotéis.
É o que conta o gerente de um hotel da região central de Aquidauana, Guilherme Bretas, de 22 anos, que confirma que desde julho deste ano seu hotel já estava quase que completamente lotado de reservas feitas por turistas e foliões que almejam desfrutar da Pantaneta. Além disso, ele conta que a expectativa é de que a movimentação deste ano seja ainda maior que a do ano passado.
Bretas compreende a importância de oferecer um serviço de qualidade para seus hóspedes, portanto, ele destaca ao jornal O Pantaneiro que foi necessário mudanças e adaptações no hotel que ele administra.
“Mudança de equipe, melhorias na área de lazer, tudo isso para garantir uma melhor estadia aos hóspedes”, explica com entusiasmo.
Mesmo com a lotação, as buscas continuam e, para o gerente do hotel, a lotação é positiva. Isso porque mostra que Aquidauana está, por meio da Pantaneta, conquistando posição de destaque e garantindo seu espaço na movimentação econômica do Estado.
Por fim, entusiasmado, o gerente não esconde que a expectativa é alta para esse evento, que acontece uma vez por ano, mas que, sem dúvidas, deixa marca na história aquidauanense. Ele lembra que ainda que seu hotel esteja lotado, faz questão de indicar outras opções de hospedagem de confiança, onde o turista possa tentar reservas durante o carnaval fora de época.
Não só Breda está entusiasmado. Próximo dali, outro hotel apresenta situação parecida: “por favor, deixa eu colocar um colchão na lavanderia", clama um turista em busca de vagas para se hospedar durante o evento. A informação foi dada pela recepcionista do local, que contou ao jornal O Pantaneiro a dimensão que a Pantaneta representa a economia local.
Segundo ela, muitos dos turistas ligam desesperados em busca de uma vaga, "tiveram momentos que foram mais de 15 recusas registradas por dia", informa a recepcionista.
Jerônimo Falcão, de 61 anos, que está na gerência do hotel desde maio, conta que existe muita ligação. Mais de 50% da hospedagem já está preenchida e para ele, a chave foi investir em divulgação.
Sobre o perfil do público, ele destaca a pluralidade: “desde famílias com crianças, até jovens foliões”.
Falcão explica ainda que as reservas são mais focalizados nos dias de sexta-feira (6) e sábado (7). E brinca, “se tiver vaga, o turista pode vir a qualquer momento tentar reserva conosco”, mas ele assegura que é importante que o interessado seja rápido, porque a expectativa é de lotação.
Mas o Carnaval fora de época não agrada apenas os foliões. A alegria é destaque também para os comerciantes do Portal do Pantanal, como o caso de Evaldo de Souza, de 51 anos, que trabalha há 27 anos na região da Avenida Pantaneta.
Ele faz questão de destacar que o evento acrescenta muito para o comércio local, sobretudo no que diz respeito ao aumento do fluxo de pessoas.
“Desde a primeira versão da Pantaneta estamos aqui. Agora estamos na expectativa para 2023, para essa micarana. O cenário já deu uma mudada, estamos aguardando uma boa expectativa de venda. Não só o de bebidas, mas os demais comércios de Aquidauana”.
O comerciante tem expectativa de que, neste ano, o aquecimento da economia seja ainda maior do que foi no ano passado.
Folia histórica
O saber popular batizou a Micareta como Carnaval fora de época, assim como o próprio carnaval, tem sua origem na França e sua primeira “edição” teria ocorrido ainda no século XV em meio à Quaresma, o período religioso de abstenção de vícios e prazeres carnais.
A micareta, por sua vez, é um Carnaval fora de época e também arrasta multidões Brasil a fora. O termo micareta deriva do francês mi-carême (“meio da Quaresma”) e teve esse nome justamente por acontecer em meio à Quaresma, um período sagrado de algumas igrejas cristãs, como a católica e a ortodoxa, que antecede à Páscoa e é marcado pela abstenção geral de prazeres mundanos, etc.
A micareta no Brasil
No Brasil, a primeira micareta teria ocorrido no início do século XX na agradável cidade de Jacobina, na Bahia, de onde os festeiros teriam irradiado a animação por todo o estado, passando pela cidade de Feira de Santana onde a folia teria se solidificado. Há, inclusive, uma discórdia entre as cidades de Jacobina e Feira de Santana sobre qual teria realizado a primeira Micareta.
Discussão à parte, no ano de 1989, a forrozeira cidade de Campina Grande, na região agreste do estado da Paraíba, criou a primeira grande micareta fora da Bahia, acabando por fortalecer a ideia do carnaval fora de época. Desta forma, as micaretas foram se alastrando pelo Brasil, de acordo com a aceitação encontrada em cada região, até que virou sucesso.
Os trajes da festança – os conhecidos abadás – encontram origem e evolução na mistura das culturas da África e do Brasil.