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Saúde

Programa da OMS vai comprar antivirais para combater covid-19

O objetivo é garantir medicamentos antivirais para pacientes com sintomas leves por US$ 10.

Agência Brasil

19 de Outubro de 2021 - 09:31

Programa da OMS vai comprar antivirais para combater covid-19
Foto: REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados

Programa liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) vai permitir que os países mais pobres tenham acesso justo a vacinas, testes e tratamentos contra a covid-19. O objetivo é garantir medicamentos antivirais para pacientes com sintomas leves por US$ 10. Segundo a Reuters, que teve acesso a um rascunho do documento, é provável que o comprimido experimental Molnupiravir, da Merck &Co, seja um dos medicamentos usados. Outros medicamentos, no entanto, estão sendo desenvolvidos para tratar doentes com sintomas leves.

O documento, que traça as metas do Acelerador de Ferramentas de Acesso à Covid-19 (ACT-A) até setembro de 2022, revela que o programa quer entregar cerca de 1 bilhão de testes de covid-19 às nações mais pobres e adquirir medicamentos para tratar até 120 milhões de pessoas em todo o mundo, de cerca de 200 milhões de novos casos estimados nos próximos 12 meses.

Os planos revelam a forma como a OMS quer reforçar o financiamento de medicamentos e testes a um preço relativamente baixo, depois de perder a corrida das vacinas para os países mais ricos, que ficaram com grande parte dos suprimentos mundiais, deixando os países mais pobres com um número muito reduzido de vacinas. Um porta-voz da ACT-A afirmou que o documento, datado de 13 de outubro, ainda é um rascunho sob consulta e recusou comentar o seu conteúdo antes de estar finalizado.

O documento também será enviado aos líderes mundiais antes de ser debatido numa reunião do G20, no final deste mês. A  ACT-A pede ao G20 financiamento adicional de US$ 522,8 bilhões,e a outros doadores financiamento adicional de US$ 22,8 bilhões até setembro de 2022, que será necessário para comprar e distribuir vacinas, medicamentos e testes para os países mais pobres, de forma a reduzir a diferença em relação aos países mais ricos.

Os doadores já prometeram US$ 15,5 bilhões para o programa. Os pedidos de financiamento são baseados em estimativas detalhadas sobre o preço dos documentos, tratamentos e exames, que vão contabilizar as maiores despesas do programa juntamente com o custo da distribuição das vacinas.Molnupiravir com resultados positivos. Apesar de não citar diretamente o Molnupiravir, o documento da ACT-A espera pagar US 10 para “novos antivirais orais destinados a pacientes com sintomas leves e moderados”.

Outros comprimidos para tratar pacientes com sintomas leves estão sendo desenvolvidos, mas o Molnupiravir é o único que mostrou resultados positivos nas fases finais de testes.  A ACT-A está em negociações com a Merck & Co e produtores de genéricos para comprar o medicamento.

No entanto, um estudo da Universidade de Harvard estimou que o Molnupiravir poderá custar cerca de US$ 20 se for produzido por farmacêuticos genéricos, com o preço caindo para US$ 7,7 em produção otimizada. A Merck & Co tem acordos de licenciamento com oito fabricantes indianos de medicamentos genéricos. A meta ACT-A é chegar a um acordo, até o final de novembro, para garantir o fornecimento de “um medicamento oral em ambulatório”, que esteja disponível a partir do próximo trimestre de 2022.

A verba arrecadada seria inicialmente usada para “apoiar a aquisição de 28 milhões de comprimidos para tratamento de pacientes com sintomas ligeiros e moderados nos próximos 12 meses, dependendo da disponibilidade do produto e orientação clínica”. A ACT-A pretende também abordar as necessidades médicas de oxigênio essencial para 6 milhões a 8 milhões de doentes graves e críticos até setembro de 2022.Investimento maciço em testes. O programa prevê também forte investimento em testes de diagnóstico da covid-19, para duplicar o número realizado em países mais pobres.

Dos US$ 22,8 bilhões que a ACT-A espera arrecadar nos próximos 12 meses, cerca de um terço, a maior parcela, será gasta em diagnóstico. Atualmente, os países mais pobres realizam, em média, cerca de 50 testes por 100 mil pessoas diariamente, contra 750 nos países mais ricos. A ACT-A quer distribuir um mínimo de 100 testes por 100 mil habitantes nas nações mais pobres.

O reforço da testagem também poderá ajudar a detectar possíveis novas variantes, que tendem a  se propagar quando as infeções alastram e, portanto, são mais prováveis em países com baixas taxas de vacinação. Isso significa entregar, nos próximos 12 meses, cerca de 101 vezes mais do que a ACT-A comprou até agora.

A maior parte seriam testes rápidos de antígeno a um preço de cerca de US$ 3, e apenas 15% seriam gastos em testes moleculares, que são mais precisos, mas demoram mais tempo a entregar os resultados e custam cerca de US$ 17. O objetivo dos testes é reduzir a diferença entre ricos e pobres, já que apenas 0,4% dos cerca de 3 bilhões de testes realizados em todo o mundo foram feitos em países pobres.

O documento destaca que “o acesso à vacina é altamente inequitativo, com a cobertura variando de 1% a mais de 70%, dependendo do grau de riqueza do país”. O programa visa a vacinar pelo menos 70% da população elegível em todos os países até meados do próximo ano, em linha com as metas da OMS.