Assentados de Sidrolândia captam menos de 1% dos recursos do Pronaf e não se animam com o novo Plano Safra

O anúncio de um incremento de 44% na disponibilidade de recursos do Plano Safra da agricultura familiar, com a reserva de R$ 500 milhões para Mato Grosso do Sul, não está gerando entusiasmo entre os pequenos produtores de Sidrolândia. Com 4.885 famílias beneficiárias da reforma agrária, o município concentra 15% dos assentados do estado.

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No ciclo do Pronaf da safra 2023/2024, apenas 0,73% dos R$ 340.953.581,34 liberados em Mato Grosso do Sul, em 6.220 operações de crédito, beneficiaram pequenos produtores sidrolandenses. Em comparação com o Plano Safra 2022/23, houve a liberação de R$ 2.597.985,00 para 120 pequenos produtores, que contaram com o apoio dos técnicos do escritório local da Agraer. O número de projetos quase dobrou em relação à safra 2022/2023, quando foram 67 contratações (com a liberação de R$ 2.100.213,75), superando também os 72 financiamentos do ciclo 2021/2022, que repassaram R$ 2.374.011,35.

Quem tem condições banca os custos de produção com recursos próprios, mas a grande maioria prefere arrendar suas parcelas agricultáveis para a produção de soja, sendo remunerados com 10 sacas por hectare. Em média, a parceria em 10 hectares garante uma renda anual de R$ 22 mil. No assentamento Santa Terezinha, por exemplo, apenas dois dos 140 assentados cultivam integralmente os 15 hectares de seus lotes. Valdecir Souza e Silvio Santos se dedicam à produção de melancia e abacaxi. Com a ajuda dos filhos, há duas décadas mantêm 100 mil pés de abacaxi e, durante esses 20 anos, conseguiram tocar o negócio sem recorrer a bancos.

Valdecir pretende abandonar a cultura do abacaxi após colher e vender os 45 mil pés que ainda cultiva em seu lote. Ele enfrenta dificuldades em encontrar mão de obra na região para todo o ciclo de produção da fruta. Planeja continuar cultivando melancia e irá plantar milho para abastecer sua futura agroindústria, com a intenção de vender espigas embaladas e prontas para o consumo nos supermercados.

"Estive na solenidade de lançamento realizada no Sebrae, em Campo Grande, mas nem sempre o dinheiro chega na ponta", reconhece Altair Alves, que lidera um grupo de assentados do Alambari/Nazareth. Durante o período de safra, eles produzem mil litros de leite por dia, além de manter uma pequena agroindústria que vende 400 kg de mandioca por semana. "Já fiz um financiamento para comprar 10 vacas leiteiras. Há muita burocracia e nem sempre o dinheiro do governo para subsidiar o juro mais baixo chega ao pequeno produtor", comenta.

Thiago Martini, outro assentado, está na expectativa de conseguir financiamento de R$ 80 mil para implantar um sistema de irrigação em 8 hectares de seu lote no assentamento Eldorado, onde cultiva mandioca. Ele espera aumentar sua lavoura em mais de 50%, passando de 15 hectares.

Novidades

O Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025, divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), será o mais agroecológico de todos. Com juros menores, recorde de recursos e mais garantias de acesso, o governo federal incentivará ainda mais a produção de alimentos essenciais para a população brasileira.

O valor destinado ao Pronaf será de R$ 76 bilhões em todo o país, um aumento de 43,3% em relação ao anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra 2023/2024.

O Plano Safra 2024/2025 apresenta uma redução de taxas em 10 linhas de financiamento, com juros variando de 0,5% a 6%. Entre as reduções estão:

• Pronaf Custeio – Produtos da Sociobiodiversidade: de 3% para 2%.
• Pronaf Custeio – Produção de Alimentos: de 4% para 3%.
• Pronaf Floresta (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Semiárido (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Mulher (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Jovem (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Agroecologia (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Bioeconomia (Investimento): de 4% para 3%.
• Pronaf Mais Alimentos (Investimento): de 5% para 2,5% para a compra de máquinas de pequeno porte.