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SIDROLÂNDIA- MS

Com usina já em teste, canteiro de obras da Inpasa ainda tem 2.300 operários

Atualmente, estão trabalhando no canteiro de obras 2.300 operários, um contingente quase 12% menor que os 2.500 no pico das obras iniciadas.

Redação/Região News

11 de Setembro de 2024 - 16:21

Com usina já em teste, canteiro de obras da Inpasa ainda tem 2.300 operários
Usina de etanol da Inpasa em Sidrolândia. Foto: Marcos Tomé/ Região News

A usina de etanol que a Inpasa está instalando em Sidrolândia já está em fase de teste e na dependência de certificação dos órgãos de controle para começar a funcionar. Atualmente, estão trabalhando no canteiro de obras 2.300 operários, um contingente quase 12% menor que os 2.500 no pico das obras iniciadas em outubro do ano passado. Aproximadamente 300 trabalhadores foram demitidos e voltaram para seus estados de origem, a maioria vinda do Nordeste.

São pelo menos 45 empresas envolvidas nesta autêntica linha de montagem criada pela Inpasa para colocar de pé, em um ano, um projeto orçado em R$ 2,5 bilhões, com potencial para gerar até 400 empregos diretos. Muitas dessas empresas, que estão concluindo os serviços para os quais foram contratadas, começaram literalmente a levantar acampamento, com a dispensa gradativa do pessoal e a desmobilização de máquinas e equipamentos.

Uma dessas empresas é a LR, responsável pela instalação de caldeiras para produção de vapor. A empresa, que chegou a ter 40 funcionários, atualmente trabalha com 11 e, na próxima semana, mais funcionários devem fazer a rescisão e voltar para casa. Uma das casas que a empresa alugou na cidade para servir de alojamento, na Avenida Antero Lemes, está praticamente vazia. Só continuam hospedados lá 4 trabalhadores. Um deles, José Cícero Teles, 43 anos, que está na cidade desde dezembro, pretende voltar para casa na próxima semana. Ele mora em Pindoba, cidade de 3 mil habitantes a 89 km da capital de Alagoas, Maceió.

Desde 2008, José trabalha longe da família, na montagem de usinas, por um salário de R$ 6 mil, livre de gastos com alimentação e hospedagem. Já esteve em Costa Rica, Sinop e Primavera do Leste. A empresa paga a passagem de avião para ele visitar a família a cada 90 ou 120 dias.

Outra empresa que está prestes a deixar a cidade é a Engedelta Engenharia, com matriz em Sorriso, Mato Grosso, especializada em construções pré-moldadas. Seu canteiro de obras chegou a ter 350 funcionários, e atualmente permanecem só 12. O empresário David Pospiecha presta serviço para a Engedelta, com o fornecimento de refeições para o pessoal da empresa onde há canteiros. Ele alugou um espaço no Altos da Figueira, montou uma cozinha industrial que chegou a ter 8 funcionárias, mulheres de operários que vieram trabalhar na construção da Inpasa. Como o ritmo de serviço diminuiu, só ficaram duas funcionárias.

A Zortea, especializada na construção de silos e armazéns, chegou a ter quase 600 funcionários trabalhando no complexo de armazenagem, que quando estiver pronto terá capacidade para receber 1 milhão e 20 mil toneladas, mais que toda a produção de Sidrolândia. Atualmente, só permanecem 150 operários na cidade. A empresa teve que alugar 50 casas para alojar tantos trabalhadores. O maior alojamento, localizado no Bairro Nova Era, chegou a ter 130 trabalhadores hospedados, mas hoje permanecem apenas 53. O trabalho de manutenção é feito por três zeladores, todos veteranos de canteiros de obras da empresa pelo Brasil afora.

Com usina já em teste, canteiro de obras da Inpasa ainda tem 2.300 operários
Duques Bezerra. Foto: Marcos Tomé/ Região News

Um deles é Duques Bezerra, que há dois anos e 8 meses entrou na empresa. Natural de Colinas, cidade de 40 mil habitantes a 274 km de Palmas, capital do Tocantins, Duques já esteve a serviço da Zortea em Pato Branco, no Paraná; Candeias e Madre de Deus, na Bahia. Resolveu trocar sua cidade, onde trabalhou como garçom e camelô, por este estilo de vida cigano de trabalhar. Tem uma rotina restrita na cidade, com poucas incursões até o centro, que fica a 2 km de distância. "Só vou à cidade para comprar algum produto de higiene pessoal, alguma besteira para comer e beber (bolacha e refrigerante). Quero ficar longe de confusão. Gosto do sossego", relata.

Quem também está longe de casa, trabalhando como zelador, é o baiano Olindo Osmar, de Santo Amaro, cidade a 73 km da capital baiana, terra de Caetano Veloso e de sua irmã Maria Bethânia, dois ícones da MPB.