Ação da polícia poderia atingir mais políticos em MS

A ação desencadeada hoje pela Polícia Federal em Dourados contra esquema de corrupção em licitações públicas, resultando inclusive na prisão do prefeito Ary Artuzi, poderia atingir muitos outros políticos em Mato Grosso do Sul, não fosse a dificuldade de comprovar os acordos e pagamentos, que geralmente são feitos com dinheiro de caixa dois.

Moralizadora ação, contudo, com ingresso de uma polícia mais preparada, como é o caso da Polícia Federal, acaba, porém, ficando episódica, muito em decorrência dessa dificuldade probatória. E também por inibição legal, já que á Polícia Federal cabe investigar, via de regra, apenas crimes federais ou que envolvam verbas da União.

O enriquecimento dos políticos já seria fator mais que suficiente para o Ministério Público e a polícia agirem, exigindo comprovação da origem dos recursos. Muitos prefeitos, vereadores, deputados e até políticos de maior envergadura política ficariam em dificuldades. No nosso sistema, porém, vigora o princípio de que a prova cabe a quem acusa, dificultando a comprovação. No caso de políticos, que têm poder e mexem com dinheiro do povo, deve caber a inversão do ônus.

De qualquer forma, o exemplo moralizador dado pela Polícia Federal certamente contribui para inibir a ação dos políticos corruptos, ao menos no caminho de diminuir o ataque vilipendioso aos cofres públicos.