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Mercado de livros cresce 3% no faturamento em 2017 e registra primeira alta em quatro anos
Setor vinha de quedas de 7% (em 2015) e 9% (em 2016), aponta balanço anual. Promoções e preço médio proporcionalmente mais barato explicam resultado positivo, diz pesquisador.
G1
19 de Janeiro de 2018 - 07:49
Após quatro anos seguidos de queda e "finais infelizes", o mercado de livros no Brasil registrou resultado positivo em 2017: o faturamento do setor subiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,7 bilhão ou 3,2% (considerando a inflação). Em 2015, o recuo havia sido de 7%. Em 2016, de 9,2%. O volume de vendas agora também cresceu, indo de 40,5 milhões para 42,3 milhões de exemplares vendidos, aumento de 4,55%.
Esses números estão na edição mais recente do Painel das Vendas de Livros do Brasil, divulgado nesta sexta-feira (19). Realizado mês a mês e desta vez com o balanço do ano inteiro, o estudo é feito pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Nielsen. A pesquisa baseia-se no resultado da Nielsen BookScan Brasil, que verifica as vendas em livrarias, supermercados e bancas.
"O mercado do livro tem muito o que comemorar. Desde que iniciamos a série histórica com o Bookscan, em 2013, este é o primeiro ano que vemos resultados financeiros positivos e acima da inflação", afirma em nota Ismael Borges, que coordena a Nielsen Bookscan Brasil.
Em entrevista, Borges destaca alguns fatores sobre 2017:
As lojas fizeram mais ações promocionais, com aumento no desconto médio do preço dos livros. "Foi um ano de grandes campanhas. Eu diria que houve uma 'guerra de preço', basicamente aquela briga orgânica do próprio mercado", avalia o responsável pelo estudo;
O livro ficou proporcionalmente mais barato, já que preço médio aumentou 1,53% (abaixo da inflação no período), indo de R$ 39,70 para R$ 40,31 (vale lembrar que no ano passado o preço médio tinha subido 8,69%, bem acima da inflação);
A recuperação do setor não dependeu de um fenômeno editoral ou modismo (como aconteceu por exemplo em 2015, com livros de colorir) e foi "orgânica e saudável", na descrição de Borges;
E, diante da crise econômica, as editoras buscaram alternativas viáveis uma delas foi uma aposta maior em escritores brasileiros. "Em 2017, a literatura brasileira teve um aumento exponencial, importante, e literatura estrangeira uma queda sensível", afirma pesquisador.
2017 sem 'fenômeno', mas com Felipe Neto
Em 2015, a febre dos livros de colorir para adultos vendidos como "antiestresse" liderou as listas de best-sellers, que salvaram o mercado (ou pelo menos reduziram o efeito da queda). Fizeram sucesso títulos como "Jardim secreto" (Sextante), "Floresta encantada" (Sextante) e "Jardim encantado" (Alaúde).
Já em 2016, sentindo que a fase de colorir estava passando, o setor apostou as fichas nos youtubers. Eles foram bem mas ficaram longe do fenômeno anterior.
Mas e 2017? "Não teve absolutamente nada. Alguns autores se destacaram, mas nada que desviasse a curva. Não houve um 'solista' que tirasse o mercado do que se esperava", diz Ismael Borges.
Ainda assim, o balanço do ano passado sentiu, sim, o efeito "youtubers": "Eles foram muito importantes, porque inauguraram uma tendência dos editores de se voltarem para o autor nacional. E os youtubers, por serem midiáticos, eram uma alternativa muito viável".
Veja, abaixo, os três livros mais vendidos no país em 2017:
"Felipe Neto A trajetória de um dos maiores youtubers do Brasil" (Coquetel)
"O homem mais inteligente da história" (Sextante), de Augusto Cury
"Origem" (Arqueiro), de Dan Brown
Somadas, essas obras representaram 1,1% do volume de vendas, percentual considerado baixo. "Isso serve para a gente refletir que foi um ano em que os destaques não concentraram tantas vendas. Houve uma desconcentração", avalia Borges.
Os três gêneros literários que mais venderam em 2017 foram:
- desenvolvimento pessoal;
- literatura brasileira;
- religião.
E os três gêneros que mais caíram foram:
- literatura estrangeira;
- culinária e gastronomia;
- concursos públicos.
Borges considera que "o crescimento de 2017 foi sólido também porque foi linear e bem distribuído, não teve nenhum pico no decorrer do ano, nenhum grande acontecimento".
E o que esperar para 2018? "Agora, é manutenção desse crescimento. Não vai ser muito diferente de 2017. Vai continuar em crescimento, mas não vai ser tão maior", prevê.