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Sidrolandia

Por que tanta gente casa e descasa várias vezes?

Para criar variação genética e, ao mesmo tempo, garantir a saúde e segurança de nossos filhos enquanto eles dependem inteiramente do pai e da mãe.

G1.com

20 de Abril de 2010 - 10:05

Divorciar-se e casar-se de novo é uma atitude muito comum em nossa história evolutiva, o que me faz acreditar que nós somos mamíferos com tendências à monogamia em série”, diz a pesquisadora e antropóloga americana Helen Fisher.

Da onde Helen, PhD em antropólogia biológica, tirou essa ideia? Observando a natureza. Monogamia é uma característica muito, mas muito rara. Apenas 3% das espécies de mamíferos, por exemplo, são monogâmicas. Porém, é muito comum que ela ocorra entre pássaros – e isso acontece por uma boa razão. Eles têm de formar casais porque um deles precisa sentar constantemente sobre seus ovos e o outro precisa alimentá-lo para que não morra de fome. Para Helen, casos assim são a prova de que parcerias monogâmicas só ocorrem em circunstâncias muito específicas. “E destas, a circunstância mais importante é quando a fêmea não pode criar o filhote sozinha. O mesmo aconteceu na evolução humana. Novos estudos indicam que nossos antepassados tem sido monogâmicos há 4 milhões de anos”, diz.

Helen também analisou o divórcio em 58 sociedades e notou que, no mundo todo, as pessoas tendem a se divorciar mais ou menos no quarto ano de casamento. “Eu percebi que quatro anos é o tempo necessário, mesmo quatro milhões de anos atrás, para que um homem e uma mulher, juntos, criem uma criança em sua primeira infância. Depois disso, tios, tias e até crianças mais velhas podem cuidar dela. Então, provavelmente por milhões de anos, ter uma série de relações monogâmicas era uma estratégia adaptativa”, conclui.

O raciocínio de Helen é o seguinte: se você tem uma série de maridos – ou uma série de esposas – você teria filhos com cada um deles e geraria maior variação genética, mas ao mesmo tempo os dois podiam colaborar na criação da criança. Segundo ela, isso aceleraria o processo evolutivo. “Vamos olhar para uma mulher que, hoje, tenha tido três maridos e filhos com dois deles. O que ela fez de acordo com a perspectiva evolutiva? Deu maior variedade genética a seus bebês”, diz Helen, que tem sido, ela mesma, adepta da monogamia em série – e sem filhos – por toda sua vida.