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Sidrolandia

Turbulências na JBS/Seara travam aprovação de financiamento do FCO para 60 aviários

Nos últimos dois anos foram investidos R$ 57.792 milhões para instalação de 64 novos aviários, sendo que 52 estão funcionando e 12 em fase final de instalação.

Flávio Paes/Região News

14 de Janeiro de 2018 - 19:51

Com dois dos principais executivos da empresa presos - os irmãos Batista - por conta das investigações da Operação Jato – sob risco de ter que pagar mais de R$ 900 milhões em ICMS de incentivos fiscais ao Estado, por não ter cumprido os compromissos de investimento e geração de empregos, os agentes financeiros do FCO (Fundo Constitucional do Centro Oeste), especialmente o Banco do Brasil, ampliaram as exigências para aprovação de financiamentos pleiteados pelos produtores integrados a JSB/Seara em Sidrolândia para custear reformas ou a instalação de novos aviários.

São pelo menos 60 aviários, cada um com capacidade para alojar 41.180 frangos, que exigirão um investimento de R$ 54,180 milhões, que ainda não foram viabilizados porque os produtores não conseguiram ter acesso às linhas de crédito do FCO (com juros de 7,5% ao ano) após o Banco do Brasil ampliar as exigências para os produtores sócio-integrados da JBS/Seara.

A instituição ampliou de 130 para 230% o valor do empréstimo do patrimônio a ser oferecido em garantia e que a empresa se comprometa por escrito a comprar a produção por 12 anos que é o período de amortização do empréstimo. Antes, bastava o compromisso de aquisição do frango, sem necessidade da fixação de um prazo mínimo.

Esta dificuldade de crédito, por enquanto, compromete os planos da empresa, anunciados em 2015, de dobrar sua produção, mantendo a média diária de 184 mil cabeças por dia, um pouco abaixo da sua capacidade plena, que é de 190 mil.

Nos últimos dois anos foram investidos R$ 57.792 milhões para instalação de 64 novos aviários, sendo que 52 estão funcionando e 12 em fase final de instalação.

Deste total, os produtores só conseguiram captar junto ao FCO, crédito no valor de R$ 32.508 milhões, suficiente para custear 36 aviários. Sendo 16 em 2016 (no valor total de R$ 14.448.000,00) e mais 20 no ano passado (crédito de R$ 18.060.000,00). Foram 9 lotes (com 4 barracões cada um) somando 11.800 metros quadrados de área construída. Cada lote custa R$ 3.612 milhões.

Queda de desempenho

Com o aumento das exigências para construção de aviários de produtores integrados à JBS/Seara caiu o desempenho de Sidrolândia na captação de recursos do FCO. Conforme dados do Governo do Estado, em 2017, a cidade ficou em oitavo lugar, à frente apenas de Corumbá e Laguna Carapã no ranking estadual dos 10 municípios com melhor desempenho.

Registrou a captação de R$ 43,4 milhões, abaixo, por exemplo, do resultado alcançado por cidades como Itaporã (R$ 66, 6 milhões, 5ª colocada); Maracaju (R$ 87, 6 milhões, 4º lugar) e Chapadão do Sul (3ª colocação). Dos R$ 43,3 milhões contratados, a avicultura captou em 2017 pouco mais de R$ 18 milhões.

Dos R$ 2,33 bilhões disponíveis no FCO no ano passado para o Estado, R$ 2,25 bilhões foram efetivamente contratados até 29 de dezembro de 2017 pelos setores rural e empresarial em projetos de ampliação ou instalação de novos empreendimentos. Deste total, R$ 2,150 bilhões foram contratados junto ao Banco do Brasil, R$ 61 milhões junto ao BRDE e R$ 14 milhões junto ao Sicredi, que são as instituições financeiras operadoras do Fundo no Estado.

O setor rural foi responsável por 64% de contratações do FCO no ano passado, com destaque para empreendimentos de reflorestamento e recuperação de pastagens, renovação de lavoura de cana-de-açúcar, aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas e outras atividades ligadas ao agronegócio.

O setor Empresarial foi responsável por 36% das contratações, com destaque para projetos de implantação de Centros de Distribuição, ampliação de atividades industriais já existentes e instalação de novas indústrias.

No Banco do Brasil foram contratados R$ 1,380 bilhão em 3.257 operações do setor Rural e outros R$ 770,6 milhões em 3.280 operações do setor Empresarial. No BRDE foram contratados R$ 61 milhões no setor Rural. Já no Sicredi, foram R$ 10,871 milhões no segmento Rural e R$ 3,635 milhões no empresarial. No total, foram contratados R$ 2,225 bilhões junto ao FCO, em 6.537 operações financeiras realizadas de janeiro a dezembro de 2017.

Para 2018, Mato Grosso do Sul terá R$ 2.219.660.940,81 disponíveis no FCO.

Municípios com as maiores contratações

Dourados

R$ 218.465.468,25

Campo Grande

R$ 154.358.891,73

Chapadão do Sul

R$ 92.257.477,33

Maracaju

R$ 87.698.855,83

Itaporã

R$ 66.925.075,17

Três lagoas

R$ 63.969.031,15

Ponta Porã

R$ 61.941.623,32

Sidrolândia

R$ 43.409.342,38

Corumbá

R$ 39.795.077,21

Laguna Carapã

R$ 37.413.222,65