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Governo decide sobre a volta do horário de verão; médica fala em riscos à saúde
A mudança, que adianta em uma hora o relógio, está sendo reavaliada e deve ser anunciada hoje pelo governo federal.
Correio do Estado
16 de Outubro de 2024 - 14:56
O Ministério de Minas e Energia deve definir hoje se o horário de verão – que foi suspenso no Brasil em 2019 – vai retornar ou não neste ano para economizar o gasto da energia elétrica no País.
A medida, caso aceita, gera algumas mudanças no organismo que podem resultar em problemas de saúde, como transtornos de ansiedade e impactos cardiovasculares.
Ao Correio do Estado, Carolina Albuquerque Arroyo, especialista em Clínica Médica da Unimed Campo Grande, declarou que a volta do horário de verão pode causar algumas alterações em nosso organismo.
“Além da maior exposição ao sol, o horário de verão acaba forçando o nosso organismo a algumas mudanças, e isso gera alguns processos internos, como transtorno de ansiedade, de sono, e até alguns eventos cardiovasculares podem ser desencadeados nesse processo”, disse Carolina.
Em função do tempo seco e quente que permanece em Mato Grosso do Sul, a médica também alertou para que a população se mantenha hidratada, uma vez que, caso o horário de verão retorne, isso vai ampliar a exposição ao sol.
“Por isso, é importante manter alguns cuidados, como aumentar a hidratação, manter a alimentação equilibrada, dando preferência a alimentos ricos em água em sua composição, e manter uma proteção solar adequada, com o uso de protetor solar, bonés e roupas com proteção ultravioleta”, informou.
A recomendação para a volta do horário de verão vem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que deve apresentar novos estudos sobre as condições de atendimento de energia aos consumidores e eventuais mudanças no cenário hidrológico para o Ministério de Minas e Energia.
No fim de setembro, o ONS já havia apresentado um estudo que indicava a necessidade, do ponto de vista energético, de adoção do horário de verão neste ano.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico da Pasta também recomendou, no mês passado, o retorno do horário de verão.
A decisão sobre a mudança que adianta em uma hora os relógios está sendo avaliada e deve ser anunciada hoje pelo governo federal.
OPINIÕES DA POPULAÇÃO
A reportagem do Correio do Estado ouviu a população para saber qual é a opinião das pessoas sobre a possível volta do horário de verão.
Para Reginaldo Pereira Tavares, 56 anos, uma mudança no horário não interferia no dia a dia.
“Para mim, o horário de verão não muda nada, é a mesma rotina. Acho que não é necessário mudar, o calor no início do dia vai ser o mesmo. Acho que não economiza energia, [porque] no frio gastamos com o chuveiro quente e no calor com o ventilador. As pessoas vão sair do serviço e vão gastar a mesma coisa chegando em casa. Não tem jeito”, disse.
Já para Mariana da Costa Martins, 20 anos, o horário de verão seria benéfico para o meio ambiente. “Eu acho que seria bom, ainda mais para os trabalhadores, [pois] seria mais rápido o tempo.E é bom para o meio ambiente também ter menos gasto de luz. Sobre o calor, acho que não muda muito, porque com as mudanças climáticas está calor tanto de manhã quanto à tarde e à noite”, afirmou.
FIM DO HORÁRIO
O término do horário de verão foi oficializado durante o governo de Jair Bolsonaro, em abril de 2019. A justificativa na época para a suspensão foi a avaliação de que a reduzida economia de energia no período não era suficiente para justificar os efeitos negativos produzidos no relógio biológico da população.
O governo Bolsonaro afirmou que o adiantamento de horário não era mais justificável, em razão de mudanças no padrão de consumo de energia e avanços tecnológicos que alteraram o pico de consumo de energia.
ECONOMIA DE ENERGIA
Historicamente, o horário de verão tinha como principal objetivo a redução de consumo de energia elétrica a partir do melhor aproveitamento da luz natural com o adiantamento dos relógios em uma hora.
Conforme o estudo do ONS, a adoção do horário de verão neste ano pode levar a uma economia de R$ 400 milhões. Se adotado a partir de 2026, a economia pode aumentar para R$ 1,8 bilhão por ano.
O período de vigência do horário de verão era definido de acordo com critérios técnicos que apontavam a melhor forma de aproveitar as diferenças de luminosidade entre os períodos de verão e do restante do ano, que se dá entre outubro e fevereiro.