Justiça
Após 12 anos, saldo do confronto entre gangues é de dois mortos; outros não saíram do crime
Ficaram de fora os atos infracionais que cometeram durante a adolescência, excluídos dos antecedentes criminais.
Redação/Rgião News
23 de Janeiro de 2023 - 07:45
Pelo menos duas testemunhas arroladas para o julgamento de Antônio Luini Rocha, 32 anos, já morreram e outras 7, aprofundaram suas incursões na criminalidade. Foi o que constatou a reportagem do Região News que por dois dias pesquisou o histórico de processos das testemunhas. Ficaram de fora os atos infracionais que cometeram durante a adolescência, excluídos dos antecedentes criminais disponibilizados no sistema do Tribunal de Justiça.
No próximo dia 16 de fevereiro, Luini vai sentar no banco dos réus para ser julgado por um crime que cometeu há quase 13 anos, desfecho trágico da guerra que travavam na primeira década dos anos 2.000 entre gangues rivais dos bairros Cascatinha e São Bento.
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Por volta das 21 horas do dia 25 de agosto de 2010, Antônio, o Baiano, matou a tiros Alex Meirelles, na época um adolescente de 17 anos. Entre as testemunhas do crime e que ainda está arrolada para depor no julgamento do mês que vem está, Renan Cícero, morto menos de um ano após o assassinato de Alex, dia 5 de agosto de 2011.
Renan foi executado quando chegava ao ginásio Municipal de esportes para assistir em companhia dos irmãos a abertura dos jogos escolares. Renan, que completaria 18 anos, 13 dias depois, não tinha passagens pela Polícia. Ele foi morto por Adriel da Silva Rosa, o "Cabeça de P*", dono do revólver usado no homicídio ocorrido na Rua Oscar Pereira de Brito, em frente da Pax Brasil no ano anterior.
"Cabeça" resolveu executar Renan por ter testemunhado na Polícia que investigava se Adriel foi o mandante do crime que matou Alex. O homicida estava de posse de uma arma calibre 38 em meio a multidão, efetuou dois disparos, um deles, acertou no coração de Renan que morreu no local.
O segundo disparo acertou a região do quadril de Claudenir Borges Sides de 18 anos e ficou alojada nas nádegas. Adriel foi preso dia 12 de agosto de 2011 em Cascavel, interior do Paraná.
Lucas Vicente de Souza, que na época do crime tinha 13 anos, foi baleado na mesma noite do assassinato de Alex Meirelles. Antes de completar a maioridade, morreu assassinado aos 17 anos, dia 9 de abril de 2014.
Ele foi morto por um disparo de garrucha calibre 22 feito por Mauri Machado de Souza, então com 18 anos. O crime ocorreu na Rua Antônio Alves Nantes, na casa de Adriana Kogo Marcelinoque desde o início da noite anterior reuniu um grupo de jovens do bairro para beber e fazer churrasco.
Numa certa altura da reunião, Mauri e o irmão dele, Márcio Machado, saíram para comprar cerveja e quando retornaram ficaram bebendo embaixo de um pé de manga. Ao ver um desafeto num grupo que conversava com Adriana, fez o disparo que acabou atingindo Lucas na cabeça.
No depoimento garantiu que não tinha nenhuma rixa, matou o adolescente porque a vítima teria levado a mão até à cintura quando então resolveu atirar porque supôs que Lucas sacaria uma arma.
Em 7 de agosto de 2014, a juíza Cristiane Aparecida pronunciou Mauri para que fosse à julgamento pelo Tribunal do Júri. Pouco mais de 100 dias depois, em 12 de novembro daquele ano, 2014, foi absolvido pelo Tribunal do Juri.
Só quase 3 anos depois, em julho do ano passado, o processo foi desarquivado para o trânsito em julgado da sentença para o Ministério Público recorrer ao Tribunal de Justiça para tentar mudar a decisão absolvitória. O recurso foi apresentado só no último dia 18.