Sidrolândia
APAE cobra na Justiça de ex-funcionário, devolução de R$ 524 mil desviados e R$ 100 mil de indenização
Relatório da auditoria, além da comprovação de desvios, evidencia que Glauciomar desfrutava de ampla autonomia na entidade.
Flávio Paes/Região News
20 de Maio de 2018 - 21:57
Está em tramitação na 2ª Vara da Comarca de Sidrolândia, ação em que a APAE cobra do ex-funcionário Glauciomar de Oliveira da Silva, a devolução de R$ 524.358,92 que ele teria desviado entre 2015 e 2017 e mais R$ 100 mil a título de indenização por dano moral em favor da instituição onde por 16 anos, ele foi um funcionário que desfrutava de total autonomia da diretoria para gerenciar o setor administrativo. Seus bens estão bloqueados pela Justiça.
Está marcada para o próximo dia 12 de julho a audiência de conciliação, última tentativa de acordo para evitar o processo. A ação toma como base a auditoria feita pelos advogados Guilherme Carnevalli e Patrícia Próbio nas prestações de contas dos últimos anos dos leilões, festas juninas e participações na exposição, promoções destinadas a captações de recursos para a entidade.
O relatório da auditoria, além da comprovação de desvios, evidencia não só que Glauciomar desfrutava de ampla autonomia, mas também que havia certo amadorismo administrativo, facilitando a fraude, procedimentos arcaicos como a contabilização manual das doações. Além do que, “muitos valores foram pagos diretamente ao ex-funcionário (quando o procedimento mais adequado seria o depósito em conta da APAE), sem que ele fornecesse recibo de quitação, principalmente dos lances de bens arrematados nos leilões”, revelam os advogados.
Um exemplo emblemático deste quadro de aparente falta de controle, apontado no relatório dos auditores, refere-se ao arremate por R$ 82.600,00, feito pelo produtor Luiz Carlos Piana, no leilão de 2015, de um lote de animais que teve lance inicial R$ 42.600,00. O pecuarista pagou a Glauciomar R$ 60 mil em dinheiro e mais R$ 20 mil em cheque, que foi depositado na conta de Graciléia de Oliveira, irmã do ex-funcionário. Os auditores não conseguiram identificar o depósito dos R$ 60 mil em qualquer conta bancária da entidade.
Também foi comprovado, segundo informações dos auditores, que Glauciomar depositou em sua própria conta bancária mais de R$ 24 mil em cheques de Alfredo Junior (referente a lances de prendas arrematadas do leilão beneficentes para a Apae). A conta da irmã de Glauciomar também foi o destino de outros cheques: o de número 000633 no valor de R$ 500,00 da senhora Getúlia Soares França Correa; o 000524 no valor de R$ 670,00 do senhor Aroldo Ferreira Côrrea, bem como o cheque da senhora Celina Ferreira, no valor de R$ 1.100,00. Todos foram pagamentos de bens que esses beneméritos arremataram nos leilões.
O relatório da auditoria mostra ainda que Glauciomar usava a conta da esposa, Jaqueline de Oliveira Nogueira, para desviar os dinheiros arrecadados nos eventos beneficentes em favor da APAE.