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Sidrolândia

Em 25 dias casos de Covid-19 aumentam 968% e Sidrolândia está em 5º lugar no ranking de mortes

Em 26 dias, os casos aumentaram 968%, saltando de 32, para os 346 contabilizados neste domingo.

Flávio Paes/Região News

26 de Julho de 2020 - 21:58

Em 25 dias casos de Covid-19 aumentam 968% e Sidrolândia está em 5º lugar no ranking de mortes

Conforme o boletim epidemiológico divulgado neste domingo pela Secretaria Estadual de Saúde, Sidrolândia vive um momento de aceleração na transmissão do Covid-19. Em 25 dias, os casos aumentaram 968%, saltando de 32, número computado no boletim divulgado dia 1º de julho, para os 346 contabilizados neste domingo (26 de julho).

Esta incidência é maior que a registrada, por exemplo, em Maracaju (117 casos) e Aquidauana (145). Há risco iminente de colapso no atendimento hospitalar, com 90% dos leitos do Hospital Elmíria Silvério Barbosa ocupados. Só há um leito de UTI disponível e já há dificuldades para fechar a escala de médicos.

Há pouco mais de três semanas, a cidade estava apenas em 28º lugar no ranking estadual de incidência da doença, em termos absolutos, hoje está em 8º lugar e ainda há pacientes com sintomas da doença à espera do resultado do exame.

Se no início de julho eram 52 casos para cada grupo de 100 mil habitantes (a 47ª posição), hoje são 593,1 (22ª lugar entre os 79 municípios de Mato Grosso do Sul). Com 11 mortes, considerando o óbito de Antônio Marcos de Almeida, "Toninho Barbeiro", também foi provocado pelo novo coronavírus, resultado que deve sair hoje, a cidade é o 5º município com maior número de mortes.

Em Três Lagoas, por exemplo, cidade com o dobro da população sidrolandense, até agora, morreram 11 pessoas. O grau de letalidade da doença na cidade é de 2,9%, o dobro da média estadual (1,4%) e superior a de Campo Grande (1,1%), que por concentrar quase 40% população de Mato Grosso do Sul tem o maior número de óbitos (95).

O crescimento do número de casos é resultado de vários fatores, alguns inerentes as próprias características de transmissão do vírus que só agora teria atingido o pico de contaminação. Desde o primeiro decreto da quarentena, editado em 19 março, foram mais de 120 dias com poucos casos (eram 5 no final de junho), nenhuma morte, apesar da baixa adesão popular ao isolamento social (que sempre girou em torno de 40%) e das medidas de flexibilização, com a liberação de praticamente todas as atividades econômicas.

As restrições maiores (quando só os serviços essenciais funcionaram) duraram uma semana. Bares e conveniências, continuaram sendo pontos de aglomeração. A forte presença de grupos bolsonaristas, reflexo da importância do agronegócio na economia da cidade, que são contra o isolamento social e alguns até colocam em dúvida a gravidade da doença, foi um fator a contribuir para que muita gente mantivesse sua rotina, se recusasse a usar máscaras.

Pelo menos uma das 10 pessoas que morreram com a Covid-19 na cidade, relutava em seguir as recomendações de distanciamento social, uso de máscara, como forma de prevenir a doença. Nas redes sociais muitos defendem o uso da Hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus, embora a Organização Mundial de Saúde garanta não haver comprovação cientifica da eficácia.

Mais recentemente, quando um estudo do Estado (o Programa Prosseguir) inseriu Sidrolândia na microrregião de Campo Grande, em situação crítica para a explosão de casos do Covid-19, com recomendação de Lockdown, diante da pressão dos setores econômicos, a Prefeitura encampou uma versão ainda mais suave que as restrições adotadas na capital. Lá, nas últimas duas semanas o comércio só funcionou até às 17 horas de segunda a sexta-feira e no sábado e domingo, só serviços essenciais (supermercados, farmácias, postos de combustível) abriram.

Aqui por uma semana foi antecipado de 18 para às 17 horas o fechamento do comércio. Só no fim de semana passado os supermercados e restaurantes fecharam no domingo.

A atual equipe da Secretaria de Saúde, sob o comando de Jesiel Ratier, evita dar entrevistas para explicar as estratégias diante do cenário atual, tem se limitado a emitir comunicados diários sobre o número de casos e a ocorrência de algum novo óbito. A estrutura do controle epidemiológico da Secretaria não foi reforçada, mesmo com a pandemia, está restrita a um grupo de 4 funcionários de carreira, além do secretário que até assumir o cargo atuava no controle de vetores. Servidores da educação foram improvisados para atuar no trabalho de orientar a população.

Ex-vereador e vice-presidente do maior sindicato da cidade (o Sindaves), Sérgio Bolzan, se baseia na sua experiência pessoal, para colocar em dúvida a eficácia do rastreamento que a Saúde está fazendo das pessoas que mantiveram contato com quem contraiu o vírus. “Meu sogro, que tem mais de 80 anos, teve sintomas semana passada. Quarta-feira equipes estiveram na casa dele para coletar material do exame, mas o resultado só deve chegar na terça-feira ou quarta. Por enquanto, ele e duas pessoas da família estão em quarentena”. Pacientes internados no hospital, positivos para o Covid-19 reclamam também da demora na coleta de material para o exame.