Sidrolândia
“Rapadura com farinha é o segredo”, diz Seu Assis ao completar 84 anos
Bom de prosa, Francisco de Assis, se mostrou a reportagem ser um bom historiador, revelando sua adolescia sofrida, porém alegre.
Marcos Tomé/RN
16 de Agosto de 2022 - 17:50
Seu Assis, como é conhecido Francisco de Assis, uma das figuras emblemáticas da história urbana da cidade de Sidrolândia, ao longo de 60 anos, viu um vilarejo recém emancipado nos idos da década de 60 se transformar no pujante município, berço da agricultura sul-mato-grossense.
Com 24 anos de idade, o jovem nascido na cidade de Lavras de Mangabeira, no sertão nordestino, depois de passar uma temporada no interior de São Paulo para onde se mudou vindo do Ceará num pau de arara, desembarcou em solos sidrolandenses acompanhado da esposa, Francisca Nazareth, que na época, era uma adolescente de 16 anos.
O nordestino apreciador de rapadura com farinha, conta que ao completar 84 anos, se sente um garotão. “A mente nunca envelhece, já o corpo, esse começa sentir o peso da idade”, brinca. Casado há 62 anos com dona Francisca, com quem teve 8 filhos e um adotivo, revela que o segredo para longevidade é dormir bem, não ter dívidas e comer rapadura com farinha.
“Eu graças a Deus, vivo bem com minha família. Não tenho preocupação e também não devo uma arruela pra ninguém”, conta. Seu Assis criticou a forma com que as novas gerações vêm se alimentando. “É muita comida industrializada, fastfoods e outras besteiras”, argumenta.
Dono de uma saúde invejável, não faz uso de medicamentos controlados e sua alimentação não foge do que grande maioria dos brasileiros colocam na mesa diariamente; “arroz, feijão e a famosa, mistura”, brinca o aniversariante que não recusa iguarias típicas do Nordeste como, por exemplo, o cuscuz, baião de dois.
Bom de prosa, Francisco de Assis, se mostrou a reportagem ser um bom historiador, revelando sua adolescência sofrida, porém alegre. “Eu trabalhei quando garoto, num circo. Quando tinha 12 anos, usava uma fantasia e me transformava na Maria Quitéria, uma personagem circense que animava o público, depois, aos 16, assumi o papel de Zé da Trouxa, um palhaço muito engraçado”, lembra.
Depois que constituiu família passou a trabalhar no pesado, na roça, nas lavouras de algodão. Quando chegou em Sidrolândia, foi liderar um grupo de trabalhadores braçal na chamada destoca. “Era tudo no braço, no machado e na foice. Tempos de difíceis”, relata o aniversariante.
No último domingo, Dia dos Pais, Seu Assis e dona Francisca reuniram os filhos, netos e bisnetos em casa para celebrar a data. O espaço, uma varanda na residência do casal, ficou pequeno para tanta gente. “Só uma filha que mora em São Paulo não pode vir. Felicidade é isto, ver sempre a casa cheia”, finaliza.