SIDROLÂNDIA- MS
Após 3 anos, refugiados se adaptam à cidade, mas sofrem com aluguel caro
Atualmente 108 venezuelanos trabalham com carteira, a mais de 90% na JBS, contingente que começou com 126 em 2020, caiu para 102 em 2021.
Redação/ Região News
15 de Janeiro de 2024 - 09:01
O primeiro grupo de 47 refugiados venezuelanos chegou à Sidrolândia em novembro de 2020, quando a cidade já estava em quarentena por causa da pandemia. Já se vão 3 anos e dois meses, alguns não ficaram, resolveram se estabelecer no Sul do País, mas também houve quem gostou da cidade, se adaptou e chamou pra cá parentes ou amigos para se juntar a eles.
Atualmente 108 venezuelanos trabalham com carteira, a mais de 90% na JBS, contingente que começou com 126 em 2020, caiu para 102 em 2021 e 88 em 2022. A maiores dificuldades deles é com o aluguel que compromete no mínimo 35% do salário.
Dos 100 venezuelanos que no ano passado tiveram apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social para conseguir documentos que garantiram a eles acesso ao atendimento do SUS, só 4 disseram estar desempregados, entre eles dona Elizabeth Coromoto, mãe de 4 filhos, que com dificuldades para pagar aluguel, mora no Jatobá.
O aluguel e a conta de luz são as maiores dor de cabeça dos refugiados que como funcionários da JBS onde o piso salarial é de R$ 1.476,00, mais uma cesta básica para os com mais de 90% de assiduidade. Parece pouco, mas é uma remuneração bem melhor que salário mínimo venezuelano de 80 dólares (R$ 388,80 ao câmbio de R$ 4,86).
Desde o último dia 16 de dezembro, um terceiro membro da família do casal David Guzman e Yolimar Henriques, 38 anos, está trabalhando na JBS para ajudar no orçamento doméstico. Leonel Henriques completou 18 anos e conseguiu seu primeiro emprego de carteira assinada. No mês passado, a conta energia, R$ 700,00, ficou mais cara que o aluguel de R$ 500 da casa.
Yolimar e o marido David, chegaram a Sidrolândia em 25 de março de 2022. Vieram com os filhos, Leonel e o caçula de 9 anos que passou para o 3⁰ ano do Ensino Fundamental. A família se juntou a Maria Eugênia, prima de Yolimar, que chegou na primeira leva de refugiados para trabalhar na JBS. Eles são de Cumaná, capital do Estado do Sucre, com mais de 500 mil habitantes, que fica a mais de 1.000 km da fronteira com o Brasil.
Quem já está na cidade há mais de 3 anos, também integrou a primeira leva de refugiados que chegou à cidade em novembro de 2020, é Manoel Ribeiro, casado, pai de dois filhos. A mãe, que o acompanhava, foi para Porto Alegre, onde se juntou aos outros filhos que optaram por morar no Rio Grande do Sul.
Na Venezuela morava em El Tigre, no estado de Anzoátegui, onde se dividia entre o trabalho e a faculdade de agronomia. Com a crise econômica venezuelana, que gerou o desabastecimento de itens básicos de alimentação, abandonou o curso no 3⁰ ano e veio para o Brasil, se estabelecendo com a mulher e os filhos, além de outros familiares, em Boa Vista, capital de Roraima, onde permaneceu por 4 anos.
Os filhos, um de 6 e outro de 9 anos, estudam na Escola Porfiria Lopes do Nascimento. Sua maior preocupação é com o aumento do aluguel que deve passar de R$ 500,00 para R$ 800,00, conforme pretende o dono da casa.