Queda de 30% na produtividade da soja leva Sindicato a pedir decretação de emergência

A menos de uma semana do início em Sidrolândia da colheita da safra de soja, os produtores estão duplamente preocupados, com a perspectiva de quebra de 30% na produtividade e um cenário desfavorável da atual cotação do grão,  37% menor que o do mesmo período do ano passado.

Hoje a soja está cotada a R$ 104,00, enquanto há um ano, a saca de 60 quilos valia R$ 167,00. O Sindicato Rural de Sidrolândia encaminhou na semana passada laudo para embasar a decretação da emergência, status que pode ajudar os produtores na hora de pedir prorrogação do prazo de pagamento dos financiamentos de custeio. O regime de chuva irregular e as altas temperaturas atrapalharam o desenvolvimento da planta.

O presidente do Sindicato Rural, Paulo Stefanello, avalia que a produtividade média fique em 45 sacas por hectare, ante as 69,06 da safra passada, quando foram colhidas 1.059.496,65. Se confirmada está projeção, serão colhidas 688 mil toneladas, produção parecida com safra 2021/2022 (629 mil toneladas), quando foram plantados 251 mil hectares.

Pelos cálculos da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), o custo médio de produção correspondeu ao valor de 45 sacas, R$ 5.400,00 tomando como referência a saca de soja a R$ 120,00. Com o grão valendo R$ 104,00, o faturamento por hectare (R$ 4.680,00) não cobre o custo. Nos últimos 30 dias, o preço médio da saca de soja em Mato Grosso do Sul caiu 17,82%, de R$ 129 para R$ 106,00.

Entre as explicações para a desvalorização do preço da soja do ano passado para cá está a queda do dólar, que fechou a semana em R$ 4,92, o que é cerca de 8% menor que na mesma época de janeiro de 2023. Esse, porém, é um fenômeno que ocorreu ao longo de todo o ano e não explica a redução de preços nestes últimos 30 dias.

Outro fator determinante é que a China, principal comprador dos grãos brasileiros, anunciou interesse menor pelo produto para este ano. Analistas estimam que a China deverá importar cerca de 18,5 milhões de toneladas no primeiro trimestre, abaixo dos 23,1 milhões em igual período do ano anterior. O volume seria o menor desde 2020.

Está sobrando soja no mercado mundial. Diante disso, a única esperança para uma possível melhora nos preços é que a quebra na produção, principalmente por conta da falta de chuvas em Mato Grosso, seja maior do que está sendo estimada até agora.

No último informativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) de Mato Grosso, divulgado no dia 15, estimou-se quebra de 21% na produção. Os dados indicam uma previsão de colheita de 35,75 milhões de toneladas, representando redução de 9,56 milhões de toneladas em comparação com a safra anterior, que atingiu 45,31 milhões de toneladas.