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Sidrolândia

Com quebra de 50%, setor agrícola deixa de faturar R$ 763,6 milhões com milho

A estiagem e depois a geada, provocaram perda, reduzindo a produção de 989 mil toneladas, obtida ano passado, para 546 mil toneladas neste ano.

Flávio Paes/Região News

06 de Setembro de 2021 - 07:10

Com quebra de 50%, setor agrícola deixa de faturar R$ 763,6 milhões com milho
Presidente do Sindicato Rural de Sidrolândia, Paulo Stefanello. Foto: Marcos Tomé/RN

As expectativas preliminares de uma perda média de 50% na produtividade do milho safrinha, estão se confirmando à medida que a colheita avança. Com 75% dos 200 mil hectares plantados já colhidos, o presidente do Sindicato Rural de Sidrolândia, Paulo Stefanello, projeta uma produtividade média de 45,5 sacas por hectare, metade do desempenho das lavouras na safrinha passada, quando em média foram colhidas 91 sacas.

Confirmada está projeção, o setor agrícola deixará de faturar R$ 766,3 milhões, receita bruta que toma como referência a cotação atual do grão, R$ 83,00 a saca de 60 kg. A estiagem e depois a geada, provocaram esta perda, reduzindo a produção de 989 mil toneladas, obtida ano passado, para 546 mil toneladas neste ano.

Em algumas propriedades na região do Piqui, divisa com Maracaju, a  quebra foi menor, 35%, a produtividade caiu de 117 sacas para 76 sacas, o pior resultado em 6 anos. Segundo Waldir Acosta, gerente da propriedade onde foram plantados 2.500 hectares, as perdas foram maiores nos talhões onde o milho foi plantado mais tarde, a geada reduziu a produtividade a 15 sacas.

Na região do Capão Seco, pequenos produtores, como Clayton Straube, conseguiram colher o suficiente para pagar os custos de plantio. Sua lavoura de 300 hectares foi afetada pela seca, a geada não comprometeu o desenvolvimento da lavoura. A produtividade caiu de 113 para 76 sacas por hectare.

Outro pequeno produtor, Júlio Cristaldo, do Assentamento Eldorado, registrou perda de 84,6 % na produtividade, de 50 para 7,7 sacas por hectare. Não conseguiu nem pagar os custos da produção. Entregou 120 sacas para quitar parte da dívida com a cooperativa que lhe antecipou os insumos, com o compromisso de pagar em milho, no valor de R$ 42,00, bem abaixo do atual valor de mercado. As demais 400 sacas, usou para pagar os vizinhos pelo arrendamento de 70 hectares.

Com quebra de 50%, setor agrícola deixa de faturar R$ 763,6 milhões com milho
Foto: VCG/Getty Images

Expectativa

No início do plantio do milho safrinha, a expectativa era de que Sidrolândia repetisse pelo terceiro ano consecutivo seu recorde de produção de milho. A área cultivada aumentou 20 mil hectares (de 180.470,85 hectares para mais de 200 mil hectares). Mantida a produtividade de 91,4 sacas/ha, a produção aumentaria de 989.890,88 toneladas para quase 1,1 milhão de toneladas, superando a melhor safra do município, a de 2019, quando foram colhidos mais de 1,050 milhão de toneladas, em 182.287,07 hectares plantados, mas a produtividade média chegou a 96,9, sacas por hectare.

Nem mesmo o aumento de 109% na cotação do grão que em um ano passou de R$ 39,70 para R$ 83,00 a saca de 60 quilos vai aliviar a perda de rentabilidade. Segundo análise da equipe técnica da Famasul que monitora a evolução da safra e mercado, poucos produtores se beneficiam destes preços pela simples razão que não tem milho em estoque para comercializar.

Outro aspecto é que 40% da safra foi vendida antecipadamente com o preço pré-fixado, na época do plantio em R$ 35,00, que na época era a cotação de mercado e se imaginava uma estabilização dos preços diante da perspectiva de uma grande produção. A venda antecipada para cooperativas e grandes trading exportadoras, é saída para o produtor que não tem capital próprio para custear a própria safra escapar do financiamento bancário. Os grandes produtores fazem um mix das três alternativas de financiar o custeio.