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Sidrolândia

JBS propõe a 487 trabalhadores redução de 30% do salário e suspensão de direitos

Flávio Paes/Região News

22 de Janeiro de 2021 - 13:16

JBS propõe a 487 trabalhadores redução de 30% do salário e suspensão de direitos
A empresa se compromete a continuar fornecendo cesta básica, oferecer o plano de saúde, mas o custo será descontado quando o contrato for restabelecido. Foto: Marcos Tomé/RN

Como parte da política nacional da empresa, a unidade de Sidrolândia da JBS propôs acordo coletivo ao Sindicato da categoria, a suspensão por 3 meses do contrato de trabalho de 487 funcionários (357 indígenas e 130 do grupo risco). Neste período de 90 dias receberiam uma bolsa de qualificação profissional do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador), programa do Governo Federal, equivalente a 70% do seu salário, o que dá aproximadamente R$ 868,65.

Alguns trabalhadores estão afastados desde março, período em que continuaram recebendo a remuneração integral, 30% bancada pela empresa e a parcela complementar 70%, garantida pelo Governo Federal. O benefício terminou dia 31 de dezembro.

JBS propõe a 487 trabalhadores redução de 30% do salário e suspensão de direitos
Assembleia realizada com os trabalhadores e lideranças indígenas. Foto: Reprodução/Facebook

Neste período, em que precisariam fazer um curso de qualificação, não contaria para efeito de férias, 13º, contribuição para a Previdência, além de perder a participação anual nos lucros, equivalente a uma remuneração. A empresa se compromete a continuar fornecendo cesta básica, oferecer o plano de saúde, mas o custo será descontado quando o contrato for restabelecido.

O Sindaves (sindicato que representa a categoria) rejeitou o acordo coletivo por avaliar que traz prejuízo aos trabalhadores. Em assembleias setoriais nas diferentes aldeias, os indígenas se posicionaram contra a proposta, preferem à volta ao trabalho, que o Ministério Público do Trabalho não concorda.

Segundo o presidente do Sindicato, Joel Santos, na prática o que a JBS está propondo é a antecipação do seguro-desemprego, sem garantia de emprego após os 90 dias. “A empresa não quer prorrogar a estabilidade de 6 meses, garantida durante o período da pandemia”.

JBS propõe a 487 trabalhadores redução de 30% do salário e suspensão de direitos
presidente do Sindicato, Joel Santos da Cruz. Foto: Marcos Tomé/RN

Outra dificuldade, no caso das aldeias, é o acesso aos cursos de qualificação que serão ministrados à distância. “Nas reservas não tem sinal de internet. Se for para o trabalhador vir para cidade, melhor ele voltar ao trabalho, porque pelo menos receberá o salário integral”.

Alguns trabalhadores, como o indígena Agemilsom Marques, que há 10 anos trabalha na JBS, quer voltar ao trabalho. Pai de um filho especial, que precisa de acompanhamento médico mensal em Campo Grande, enfrenta dificuldades já recebendo o salário integral.

Ele, como outros 40 funcionários, ainda não recebeu as últimas parcelas do auxílio do governo. “Se com R$ 1.240,94, já é difícil, imagina recebendo apenas R$ 372,28”, revela.

Ele está enfrentando dificuldades para pagar o aluguel, contas de água, luz e comprar o leite especial, que custa R$ 300,00, recomendado para seu filho com paralisia cerebral. Conta com a ajuda do Sindicato, que garantiu a gasolina, para levar o filho, em companhia da mulher, na consulta em Campo Grande.

Quem aceitar a bolsa de qualificação profissional, caso seja demitido após voltar ao trabalho, não terá direto a receber seguro desemprego.